A
pedidos, vou escrever como foi a entrega da casa.
Pois
então, como falei no post anterior, já estávamos cansadas,
estressadas, eu principalmente estava muito brava, irritada, minha
mãe estava uma pilha de nervos de preocupação com os cães (gente,
se nós não tivéssemos levado os cães conosco, era capaz de quando
voltássemos não ter mais os cães...) eles queriam que alguém da
vizinhança que ficasse com os cães por R$10,00 por dia, negaram aos
cachorros uma hospedagem em locais apropriados por causa do valor...
Mas nós insistimos tanto a ponto de nos recusarmos de sair da cidade
sem eles, foi a nossa sorte.
Bem
mas, na hora da entrega só a minha avó "parecia" estar
mais calma, não falava nada, não dizia uma palavra sequer, ficou na
Van o tempo todo só observando as coisas. Quando chegamos na rua de
casa, a rua estava toda tomada de pessoas, muita gente e o tempo
fechou mesmo, a Van parou um pouco antes da nossa casa para
desembarcar os cachorros que ficaram com uma produtora que nos
prometeu levá-los para casa da vizinha e lá eles ficaram em
segurança, pois a rua era só gente pra todos os lados. Eu esticava
o pescoço para todos os lados procurando por meu noivo no meio da
multidão, eu não queria ver a casa coisa nenhuma eu queria era ver
meu noivo, foram 19 dias de isolamento absoluto, eu estava com muitas
saudades dele, mas não achei a princípio, minha mãe só olhava
para a casa da vizinha para ver se os cães estavam mesmo lá e
quando descemos da Van foi aquela gritaria, gente que eu nunca vi na
vida gritando meu nome, o Celso Portiolli ali na nossa frente, um
frio dos caramba, eu de vestidinho, congelando e o Celso me perguntou
se eu lembrava de como era a casa, a faxada da casa essas coisas.
Quando comecei a responder começou a chover mesmo, daí eles
começaram a contagem regressiva, mais rápida que o normal e abriram
as cortinas para mostrar a casa.
Mas
nem deu tempo de olhar direito e ter alguma reação, chovia bem e
para não nos molhar inteiras a produção interrompeu a gravação e
nos colocaram dentro da casa, no jardim de inverno na entrada. Ali
não pudemos entrar mesmo na casa, mas já deu para ver a sala, e
ficamos esperando a chuva passar junto com o Celso. Nisso eu
aproveitei a ocasião porque ele me perguntou o que eu havia achado
da casa, se eu tinha gostado porque eu estava parecendo triste ou que
não tinha gostado. Então eu falei pra ele que eu estava brava
mesmo, porque a Paula da produção tinha gritado com a gente na
pousada, que tinha sido grossa e como que eu ia aparecer sorridente
com alguém maltratando a gente?
Ele
chamou o "Goiabinha" (Walter) produtor e perguntou pra ele
assim:
-
Goiabinha, quem é Paula?
Daí
o Goiabinha respondeu: é uma moça da equipe, porque?
Celso:
Manda embora! agora eu sei porque os participantes chegam tristes e
desanimados na hora da entrega da casa, essa tal Paula fica
maltratando os participantes, manda embora!
Pra
vocês verem, nem o Celso Portiolli conhece o pessoal da equipe dele,
mas nessa hora eu senti firmeza nele. Nisso a chuva passou e nós
voltamos lá pra rua para gravar tudo de novo... Nós saindo da Van,
o Celso fazendo as perguntas de como era a casinha antiga e a
contagem regressiva e se abriram as cortinas e nós tínhamos que
fazer cara de surpresa!!!! óóó.... a Casa era muito, mas muito
diferente da nossa por fora, era muito grande, com um telhadão, e eu
de cara reparei nas grades da casa, no lugar de muro eles colocam
grades né, para casa aparecer mais, mas as grades eram super largas,
os cachorros passariam por ali tranquilamente, iam fugir com certeza,
foi o a primeira coisa que passou na minha cabeça. Parece incrível
né gente, mas dá tempo de pensar nesses detalhes, e a minha reação
foi de preocupação, espanto, surpresa mesmo! Daí sim fomos levadas
para dentro da casa, é tudo muito rápido, mas feito por partes.
1º
entramos no tal Jardim de Inverno, primeiro entra o cameraman, e vai
nos filmando, o Celso faz as perguntas de praxe, se nos lembrávamos
de como era antes e bla, bla bla, mas se não ficarem boas as
respostas ou a nossa cara de alegria tem que filmar de novo.
Quando
entramos na sala, putz que decepção, ele colocaram um piso de
carpete de madeira BRANCO!!!! na casa inteirinha... numa casa com
quintal de grama e terra, onde tem cachorros que são acostumados
dentro de casa!!!! ninguém pensou nisso não? eu pensei na hora!
bati o olho e pensei: putz vai dar um trabalho filha da p... pra
limpar isso aqui todo dia; mas tudo bem vamos lá, ele mostrou o
sistema de ascender e apagar a luz com controle remoto que teve de
ser gravado umas 10 vezes até funcionar porque estava com mal
contato, daí o Celso reclamou que atava difícil continuar a
agravação daquele jeito... E lá fomos para o banheiro que era
ridículo, minusculo, sem espaço e sem um armarinho para guardar
nada, não vi nem um lugar para pendurar as toalhas, nada na casa é
funcional, a arquiteta ou arquiteto não pensou em absolutamente nada
para ser usado, só para ser bonito, o box do banheiro não tinha um
piso adequado antiderrapante para quando molhar não escorregar, nem
um suporte de apoio para segurar, tendo em vista que uma idosa de
79anos deficiente física iria utilizá-lo... nada foi adaptada para
ela , nada! sem falar que quando o Celso foi fazer a propagando da
tampa do vaso sanitário que abre e fecha vagarosamente ele abriu a
tampa do vaso e tinha um "mijão" bem amarelo lá no vaso,
daí ele xingou de novo! chamou o produtor, não me lembro se foi o
Goiabinha ou o Melo e disse que não ia mais gravar, o que era
aquilo? onde já se viu? e quando foram dar a descarga, não
funcionou porque o registro estava fechado, mas tinha um motivo para
estar fechado.... depois eu conto, só sei que trouxeram um balde com
água e jogaram no vaso para fazer a filmagem de novo, e nós com
aquele sorriso amarelo...
Sinceramente
gente, até hoje, mais de 1 ano depois eu não tive coragem de ver a
filmagem, tenho DVD aqui, mas nunca quis ver, e eu não me lembro
exatamente qual quarto vimos primeiro, mas minha avó estava tentando
quebrar aquele clima chato que pairava no ar brincando muito com o
Celso, ela percebeu o nosso sentimento (meu e de minha mãe), minha
avó estava com muita dor, ela não conseguia falar direito, por
causa da dentadura que ela estava usando na entrega, mas mesmo assim
ela brincava, ela reclamava para mim no meu ouvido que sentia gosto
de sangue na boca (era da gengiva que estava machucada), e por último
fomo para cozinha, bonita, mas só bonita, porque nada ali era
funcional, os armários foram colocados numa altura que nem eu, nem
minha avó alcançávamos para abrir as portas, o fogão estava lá
só de enfeite, pois não tinha mangueira, não tinha botijão, não
tinha nada! os armários pareciam recheados de coisas, mas só
"parecia". Vocês não vão acreditar, mas eles colam com
durex as coisas da Zaelli nas portas dos armários, para dar a
impressão que ele está cheio, mas no fundo, dentro dos armários
mesmo, estava tudo vazio, e a propagando de 1 ano de cesta básica de
graça de presente só serviria se nós comêssemos 12 pacotes de
sagu e 4 de feijão, com uns 10 sacos de farofa pronta e 2 pacotes de
arroz, Tinha lá uns dois vidros de azeitona, um de azeite, um de
óleo e mais nada!
Saindo
da cozinha eles foram nos levar para a lavanderia. Para quem
acompanha a saga, vão se lembrar que eu contei que eles prometeram
que não iam mexer na edícula da minha mãe que já estava pronta,
inclusive com armários embutidos, fofão geladeira, tudo, prontinha
para morar com tudo novinho.... pois é, eles não cumpriram com a
palavra, eles só não demoliram a edícula, mas acabaram com ela!
tirara todas as coisas de minha mãe, colocaram uns armários pretos
e uma máquina de lavar e mostraram como lavanderia! tiveram a
capacidade de tirar as grades, as venezianas do quarto e trocar por
vitros quebrados, que não fechavam e pintaram tudo porcamente de
branco, tudo que estava envernizado, do nosso gosto, com nosso
sacrifício eles estragaram! o banheiro e o quarto eles nem colocaram
no ar, pois os funcionários usaram a edicula e quebraram o box, o
gabinete da pia do banheiro, riscaram o piso todo da edícula,
subiram no forro e roubaram tudo que havia lá em cima, ferramentas,
caixas de sobras de pisos e revestimentos que minha mãe tinha
comprado em ponta de estoque e comprou uma caixa a mais de cada um
para ter de reserva, roubaram tudo! as janelas não fechavam, as
portas estavam inchadas pois a tinta usada não era para madeira...
um terror! daí não deu mais para fazer cara de alegre. Me
desesperei, vi a tristeza no rosto de minha mãe, e pensei comigo: o
que eu fui fazer... eu destruí o sonho da minha mãe.
Como
era natal por último foi filmado conosco uma ceia de Natal, tudo
frio, e tínhamos que comer e fazer cara de gostoso.
Fomos
então lá para fora novamente para participar da prova do carro, e
graças a Deus que minha mãe conseguiu girar a chave certa de
ganhamos o carro quando faltava 7 segundos para o final do tempo. O
carro foi nossa salvação para os gastos com a casa que estavam por
vir....
O
carro não fica com a gente não viu, aquele carro que aparece na
filmagem, é só para filmagem mesmo, o carro que ganhamos só chega
90 dias depois.
Depois
que ganhamos o carro soltaram fogos, vi meu noivo com meu tio e meu
primo que estavam na frente da casa e pudemos então nos abraçar,
para mim aquele foi o momento mais gostoso de todos. o Celso
desaparece, sem nem se despedir, os produtores nos falam para não
deixar ninguém entrar na casa, a não ser os parentes, e somem,
simplesmente somem depois da prova do carro.
Ficamos
lá ao Deus dará, sem nossas coisas, porque os itens que tem dentro
da casa não dá para morar, precisávamos de nossas roupas, nossos
pertences, tudo lá é só para mostrar na TV, e não tínhamos
dinheiro, gás, roupas, nada! pegamos os cachorros na vizinha que nos
emprestou uns panos de chão para limpar os pés, uma garrafa de café
pq não tinha como fazer uns baldes, um rodo, pois as coisas
funcionais, nada tinha; eu e meu noivo fomos fazer uma sopa e pagar
umas roupas na casa de minha tia Cida. Os cachorros presos dentro da
casa, sem poder sair, pois eles iam fugir, barro pra todo lado, uma
chuva e um frio....
Mas
essa cena que vou descrever agora é a que mais me comove, eu entrei
na edícula, toda vazia, minha mãe sentada no chão da sala,
chorando, dizendo que ela pensou que eles não iam mexer na edícula,
no canto dela.... um choro tão sentido, tão profundo que me fez
doer na alma ter escrito a carta, foi então que eu comecei a chorar,
e a vó falava assim pra mim, não chora filhinha, agente só tem que
fazer uma nova história pra essa casa tb, assim a gente vai aprender
a gostar dela.
Isso,
eu carrego até hoje, o remorso, o arrependimento, tudo que passamos
e perdemos, pois eles não devolveram nossas coisas, nos ameaçaram,
e nada paga uma história de vida num lugar onde crescemos, e vivemos
uma vida inteira.
Fomos
roubadas, enganadas, amaçadas e prejudicadas de todas as formas,
principalmente emocionalmente e financeiramente, mas isso eu conto no
próximo post. Ah! a casa é uma bosta, só é bonita pq aparece na
TV, mas tudo e mal feito, e isso eu tb conto no próximo post, mostro
até as fotos!
Abraços!