segunda-feira, 23 de abril de 2012

Participei do Construindo um Sonho do SBT - Parte 9 - O Momento e a Decepção da Entrega.


A pedidos, vou escrever como foi a entrega da casa.
Pois então, como falei no post anterior, já estávamos cansadas, estressadas, eu principalmente estava muito brava, irritada, minha mãe estava uma pilha de nervos de preocupação com os cães (gente, se nós não tivéssemos levado os cães conosco, era capaz de quando voltássemos não ter mais os cães...) eles queriam que alguém da vizinhança que ficasse com os cães por R$10,00 por dia, negaram aos cachorros uma hospedagem em locais apropriados por causa do valor... Mas nós insistimos tanto a ponto de nos recusarmos de sair da cidade sem eles, foi a nossa sorte.
Bem mas, na hora da entrega só a minha avó "parecia" estar mais calma, não falava nada, não dizia uma palavra sequer, ficou na Van o tempo todo só observando as coisas. Quando chegamos na rua de casa, a rua estava toda tomada de pessoas, muita gente e o tempo fechou mesmo, a Van parou um pouco antes da nossa casa para desembarcar os cachorros que ficaram com uma produtora que nos prometeu levá-los para casa da vizinha e lá eles ficaram em segurança, pois a rua era só gente pra todos os lados. Eu esticava o pescoço para todos os lados procurando por meu noivo no meio da multidão, eu não queria ver a casa coisa nenhuma eu queria era ver meu noivo, foram 19 dias de isolamento absoluto, eu estava com muitas saudades dele, mas não achei a princípio, minha mãe só olhava para a casa da vizinha para ver se os cães estavam mesmo lá e quando descemos da Van foi aquela gritaria, gente que eu nunca vi na vida gritando meu nome, o Celso Portiolli ali na nossa frente, um frio dos caramba, eu de vestidinho, congelando e o Celso me perguntou se eu lembrava de como era a casa, a faxada da casa essas coisas. Quando comecei a responder começou a chover mesmo, daí eles começaram a contagem regressiva, mais rápida que o normal e abriram as cortinas para mostrar a casa.
Mas nem deu tempo de olhar direito e ter alguma reação, chovia bem e para não nos molhar inteiras a produção interrompeu a gravação e nos colocaram dentro da casa, no jardim de inverno na entrada. Ali não pudemos entrar mesmo na casa, mas já deu para ver a sala, e ficamos esperando a chuva passar junto com o Celso. Nisso eu aproveitei a ocasião porque ele me perguntou o que eu havia achado da casa, se eu tinha gostado porque eu estava parecendo triste ou que não tinha gostado. Então eu falei pra ele que eu estava brava mesmo, porque a Paula da produção tinha gritado com a gente na pousada, que tinha sido grossa e como que eu ia aparecer sorridente com alguém maltratando a gente?
Ele chamou o "Goiabinha" (Walter) produtor e perguntou pra ele assim:
- Goiabinha, quem é Paula?
Daí o Goiabinha respondeu: é uma moça da equipe, porque? 
Celso: Manda embora! agora eu sei porque os participantes chegam tristes e desanimados na hora da entrega da casa, essa tal Paula fica maltratando os participantes, manda embora!
Pra vocês verem, nem o Celso Portiolli conhece o pessoal da equipe dele, mas nessa hora eu senti firmeza nele. Nisso a chuva passou e nós voltamos lá pra rua para gravar tudo de novo... Nós saindo da Van, o Celso fazendo as perguntas de como era a casinha antiga e a contagem regressiva e se abriram as cortinas e nós tínhamos que fazer cara de surpresa!!!! óóó.... a Casa era muito, mas muito diferente da nossa por fora, era muito grande, com um telhadão, e eu de cara reparei nas grades da casa, no lugar de muro eles colocam grades né, para casa aparecer mais, mas as grades eram super largas, os cachorros passariam por ali tranquilamente, iam fugir com certeza, foi o a primeira coisa que passou na minha cabeça. Parece incrível né gente, mas dá tempo de pensar nesses detalhes, e a minha reação foi de preocupação, espanto, surpresa mesmo! Daí sim fomos levadas para dentro da casa, é tudo muito rápido, mas feito por partes.
1º entramos no tal Jardim de Inverno, primeiro entra o cameraman, e vai nos filmando, o Celso faz as perguntas de praxe, se nos lembrávamos de como era antes e bla, bla bla, mas se não ficarem boas as respostas ou a nossa cara de alegria tem que filmar de novo.
Quando entramos na sala, putz que decepção, ele colocaram um piso de carpete de madeira BRANCO!!!! na casa inteirinha... numa casa com quintal de grama e terra, onde tem cachorros que são acostumados dentro de casa!!!! ninguém pensou nisso não? eu pensei na hora! bati o olho e pensei: putz vai dar um trabalho filha da p... pra limpar isso aqui todo dia; mas tudo bem vamos lá, ele mostrou o sistema de ascender e apagar a luz com controle remoto que teve de ser gravado umas 10 vezes até funcionar porque estava com mal contato, daí o Celso reclamou que atava difícil continuar a agravação daquele jeito... E lá fomos para o banheiro que era ridículo, minusculo, sem espaço e sem um armarinho para guardar nada, não vi nem um lugar para pendurar as toalhas, nada na casa é funcional, a arquiteta ou arquiteto não pensou em absolutamente nada para ser usado, só para ser bonito, o box do banheiro não tinha um piso adequado antiderrapante para quando molhar não escorregar, nem um suporte de apoio para segurar, tendo em vista que uma idosa de 79anos deficiente física iria utilizá-lo... nada foi adaptada para ela , nada! sem falar que quando o Celso foi fazer a propagando da tampa do vaso sanitário que abre e fecha vagarosamente ele abriu a tampa do vaso e tinha um "mijão" bem amarelo lá no vaso, daí ele xingou de novo! chamou o produtor, não me lembro se foi o Goiabinha ou o Melo e disse que não ia mais gravar, o que era aquilo? onde já se viu? e quando foram dar a descarga, não funcionou porque o registro estava fechado, mas tinha um motivo para estar fechado.... depois eu conto, só sei que trouxeram um balde com água e jogaram no vaso para fazer a filmagem de novo, e nós com aquele sorriso amarelo...
Sinceramente gente, até hoje, mais de 1 ano depois eu não tive coragem de ver a filmagem, tenho DVD aqui, mas nunca quis ver, e eu não me lembro exatamente qual quarto vimos primeiro, mas minha avó estava tentando quebrar aquele clima chato que pairava no ar brincando muito com o Celso, ela percebeu o nosso sentimento (meu e de minha mãe), minha avó estava com muita dor, ela não conseguia falar direito, por causa da dentadura que ela estava usando na entrega, mas mesmo assim ela brincava, ela reclamava para mim no meu ouvido que sentia gosto de sangue na boca (era da gengiva que estava machucada), e por último fomo para cozinha, bonita, mas só bonita, porque nada ali era funcional, os armários foram colocados numa altura que nem eu, nem minha avó alcançávamos para abrir as portas, o fogão estava lá só de enfeite, pois não tinha mangueira, não tinha botijão, não tinha nada! os armários pareciam recheados de coisas, mas só "parecia". Vocês não vão acreditar, mas eles colam com durex as coisas da Zaelli nas portas dos armários, para dar a impressão que ele está cheio, mas no fundo, dentro dos armários mesmo, estava tudo vazio, e a propagando de 1 ano de cesta básica de graça de presente só serviria se nós comêssemos 12 pacotes de sagu e 4 de feijão, com uns 10 sacos de farofa pronta e 2 pacotes de arroz, Tinha lá uns dois vidros de azeitona, um de azeite, um de óleo e mais nada!
Saindo da cozinha eles foram nos levar para a lavanderia. Para quem acompanha a saga, vão se lembrar que eu contei que eles prometeram que não iam mexer na edícula da minha mãe que já estava pronta, inclusive com armários embutidos, fofão geladeira, tudo, prontinha para morar com tudo novinho.... pois é, eles não cumpriram com a palavra, eles só não demoliram a edícula, mas acabaram com ela! tirara todas as coisas de minha mãe, colocaram uns armários pretos e uma máquina de lavar e mostraram como lavanderia! tiveram a capacidade de tirar as grades, as venezianas do quarto e trocar por vitros quebrados, que não fechavam e pintaram tudo porcamente de branco, tudo que estava envernizado, do nosso gosto, com nosso sacrifício eles estragaram! o banheiro e o quarto eles nem colocaram no ar, pois os funcionários usaram a edicula e quebraram o box, o gabinete da pia do banheiro, riscaram o piso todo da edícula, subiram no forro e roubaram tudo que havia lá em cima, ferramentas, caixas de sobras de pisos e revestimentos que minha mãe tinha comprado em ponta de estoque e comprou uma caixa a mais de cada um para ter de reserva, roubaram tudo! as janelas não fechavam, as portas estavam inchadas pois a tinta usada não era para madeira... um terror! daí não deu mais para fazer cara de alegre. Me desesperei, vi a tristeza no rosto de minha mãe, e pensei comigo: o que eu fui fazer... eu destruí o sonho da minha mãe.
Como era natal por último foi filmado conosco uma ceia de Natal, tudo frio, e tínhamos que comer e fazer cara de gostoso.
Fomos então lá para fora novamente para participar da prova do carro, e graças a Deus que minha mãe conseguiu girar a chave certa de ganhamos o carro quando faltava 7 segundos para o final do tempo. O carro foi nossa salvação para os gastos com a casa que estavam por vir....
O carro não fica com a gente não viu, aquele carro que aparece na filmagem, é só para filmagem mesmo, o carro que ganhamos só chega 90 dias depois.
Depois que ganhamos o carro soltaram fogos, vi meu noivo com meu tio e meu primo que estavam na frente da casa e pudemos então nos abraçar, para mim aquele foi o momento mais gostoso de todos. o Celso desaparece, sem nem se despedir, os produtores nos falam para não deixar ninguém entrar na casa, a não ser os parentes, e somem, simplesmente somem depois da prova do carro.
Ficamos lá ao Deus dará, sem nossas coisas, porque os itens que tem dentro da casa não dá para morar, precisávamos de nossas roupas, nossos pertences, tudo lá é só para mostrar na TV, e não tínhamos dinheiro, gás, roupas, nada! pegamos os cachorros na vizinha que nos emprestou uns panos de chão para limpar os pés, uma garrafa de café pq não tinha como fazer uns baldes, um rodo, pois as coisas funcionais, nada tinha; eu e meu noivo fomos fazer uma sopa e pagar umas roupas na casa de minha tia Cida. Os cachorros presos dentro da casa, sem poder sair, pois eles iam fugir, barro pra todo lado, uma chuva e um frio....
Mas essa cena que vou descrever agora é a que mais me comove, eu entrei na edícula, toda vazia, minha mãe sentada no chão da sala, chorando, dizendo que ela pensou que eles não iam mexer na edícula, no canto dela.... um choro tão sentido, tão profundo que me fez doer na alma ter escrito a carta, foi então que eu comecei a chorar, e a vó falava assim pra mim, não chora filhinha, agente só tem que fazer uma nova história pra essa casa tb, assim a gente vai aprender a gostar dela.
Isso, eu carrego até hoje, o remorso, o arrependimento, tudo que passamos e perdemos, pois eles não devolveram nossas coisas, nos ameaçaram, e nada paga uma história de vida num lugar onde crescemos, e vivemos uma vida inteira.
Fomos roubadas, enganadas, amaçadas e prejudicadas de todas as formas, principalmente emocionalmente e financeiramente, mas isso eu conto no próximo post. Ah! a casa é uma bosta, só é bonita pq aparece na TV, mas tudo e mal feito, e isso eu tb conto no próximo post, mostro até as fotos!
Abraços!